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Com UATIKREDIS infestado de agentes, estava cada vez mais difícil manter minha identidade em segredo. Os encontros com Rubiens rareavam. A vigilância cerrada e a ocorrência de expurgos nas aldeias e cidades próximas tornavam imperativo uma nova fuga. Mas, na realidade, eu estava cansado de fugir. Os sintomas da doença que me dilacerava o corpo lentamente, estavam cada vez mais fortes e as dores insuportáveis tomavam conta de mim. Os dias se tornavam um martírio.
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Com a minha designação para o controle da rede, era obrigado a jornadas de trabalho de até dezoito horas diárias. Algumas vezes, tinha de permanecer no posto por toda a madrugada e depois me apresentar na manhã seguinte. Dormindo duas ou três horas por dia. Ainda era obrigado a ouvir piadinhas se assumisse o posto com algum atraso.
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Era tudo o que Glaucius queria. Alertado pelos seus espiões, ficou de tocaia numa das cavernas que eu usava para descansar na hora reservada ao almoço. Com a intensificação do trabalho, eu era sempre o último a descansar. Só após ter recebido um “OK” dos superiores imediatos eu tinha permissão de sair. Com dores fortes e estafado, era preferível descansar a comer. Por isso, eu ia para as cavernas e me escondia lá.
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Neste dia, foi diferente, mal tinha acabado de chegar e me preparava para relaxar quando ouvi uma voz esganiçada vindo da entrada da caverna:
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“O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO AQUI?”
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Olhei com espanto para aquela sombra disforme e obtusa que, ofuscada pela luz, encobria a saída da caverna. Era Carlus Careculus Moar-Cyfir , ou seu lado, com um pomposo ar de triunfo, estava Glaucius.
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Farto de dissimulações e de fugas resolvi enfrentar a besta. E com ar de tédio e profundo enfado disse-lhe:
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“ESTOU DORMINDO, POR FAVOR, SAIA QUE ESTÁ ME ATRAPALHANDO.”
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Enfurecido, Careculus dirigiu-se a UATIKREDIS e interpelou diretamente Rubiens. Irado e lançando espuma pelos lábios retorcidos e lívidos de ódio, Careculus ainda teve de engolir sua prepotência e imbecilidade ao ouvir de Rubiens:
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“É HORA DO DESCANSO DELE.”
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Nesse exato momento, lançou um olhar mortífero para Glaucius que fez o pobre imbecil gelar. Humilhado por mim e repreendido publicamente por Rubiens, Careculus retornou para sua torre e ficou lá, remoendo seu ódio e sua humilhação públicos por um longo tempo.
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Glaucius sabia que estava marcado. Careculus, não deixaria barato aquela humilhação e os sorrisos de deboche de todos que assistiram à cena. Ao chegar em sua casa, encontrou um guarda dos “SS” à porta. Lá dentro, estavam Dasivyd e Adriunas Yurk; sem entender muito bem o que se passava (sua mente já modesta estava em pânico total após o ocorrido), Começou a contar tudo a Dasivyd e a preparar suas roupas (pretendia fugir); ainda estava choramingando quando Adriunas, num único golpe, cortou sua cabeça. Enquanto ela ainda rolava pela sala, com os olhos arregalados e a boca aberta num grito mudo de espanto; Dasivyd e Adriunas saíam para a rua e mergulhavam na escuridão.
Marcadores: A Biografia de Lord Sarubiano.
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